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Um ano de muito diálogo, planejamento e mão na massa

Equipe Instituto Interelos

Com projetos importantes finalizados, parcerias consolidadas e novos programas no radar, 2022 foi um ano de conquistas importantes

Para o Brasil, 2022 foi um ano turbulento, mas também decisivo. Um ano que chega ao fim com a esperança de um 2023 com mais equidade e consciência ambiental. 

Para o Instituto Interelos, o ano que está acabando teve muito diálogo, planejamento e mão na massa. Nesses 12 meses, trabalhamos intensamente para construir e fortalecer iniciativas que são o emblema de uma outra economia, que opera não na lógica do crescimento a qualquer custo, mas que busca a sustentabilidade de suas operações e a promoção de condições mais dignas de vida, sobretudo para aqueles que vivem com muito pouco, ou quase nada. 

Para a consultora socioambiental Mayte Rizek, esse esforço rendeu frutos. “Em um ano complicado e cheio de tensões, fizemos entregas comprometidas com o desenvolvimento social nos rincões do Brasil”.

Em sua visão um dos principais papéis da organização foi o de “promover o elo entre as bases produtivas compatíveis com a floresta em pé e o tal do mercado, conceito tão evocado quanto mal compreendido, e muitas vezes instrumentalizado para justificar o injustificável”.

O tal do mercado, conceito tão evocado quanto mal compreendido, é muitas vezes instrumentalizado para justificar o injustificável.

Desenvolvendo cadeias produtivas

Na prática, tivemos a certeza de que não há outra forma de desenvolver cadeias produtivas de base comunitária que não seja pisando nos territórios e atuando ao lado das pessoas. Um desses territórios foi justamente a Resex Verde para Sempre, maior reserva extrativista do país, localizada em Porto de Moz, no Norte do Pará.

“Ao olhar para produtos da floresta, procuramos enxergar também a organização do tecido social que os produz e compreender as demandas e os riscos socioambientais que afetam a vida dos produtores e a sua produção”, explica Rizek.

Outro programa importante para o Instituto Interelos tem sido o apoio ao desenvolvimento das cadeias de valor da cooperativa Amazonbai, gerida pelos moradores do Arquipélago do Bailique e das comunidades do Beira Amazonas, em Macapá. A organização é dedicada à produção sustentável de açaí vegano e 100% certificado FSC®. Na visão do sócio-fundador do instituto, Marcos Tadeu, as conquistas de 2022 foram muitas.

“Nós temos ações voltadas para a produção da matéria prima e apoiamos também a implementação de uma agroindústria na Amazônica, capaz de produzir polpa com valor agregado”, explica. “Temos apoiado, além disso, a organização de processos internos da Amazonbai e iniciamos a abertura e o desenvolvimento de novos mercados”.

Tadeu ressalta também a importância de seguir construindo esse processo coletivamente, sempre em conjunto com os cooperados. Para o consultor Murilo Castro, essa construção tem se fortalecido, e um avanço importante foi observado nesse sentido: a criação de um sistema de base de dados com informações vitais dos cooperados.

De acordo com ele, esse projeto que começou em abril e está perto de ser concluído, tem o benefício de trazer a perspectiva de vida dos trabalhadores de forma sistematizada. “Nós coletamos dados sobre a situação e as opiniões das pessoas sobre o seu dia-a-dia, seu estado de saúde, a relação com o trabalho e, sobretudo, quais os seus principais problemas e desafios”, explica ele.

Ouvir as pessoas e compreender, em detalhes, como elas vivem e quais seus principais desafios é parte importante do processo.

Adicionando o social à biodiversidade

Para Tadeu, a educação é a chave para uma mudança social mais profunda e duradoura. O Interelos vem trabalhando nessa frente com o programa “Educação no Campo”, que entende a educação como um dos principais vetores para o desenvolvimento de um território, ocupando a centralidade do desenvolvimento social, ambiental e econômico do local onde está inserida, ao formar jovens aptos a exercerem papéis de liderança nas organizações locais e a prestar assistência técnica nas cadeias de valor.

O programa tem como base um projeto político pedagógico alinhado com as características do território, como ocorre em Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e Casas Familiares Rurais (CFRs). Este tipo de escola baseia-se na Pedagogia da Alternância, modelo educacional que surgiu em comunidades rurais europeias no pós-guerra e que prevê, além dos currículos oficiais, conteúdo baseado no contexto do território em que estão instaladas, além de diversas outras práticas de ensino e envolvimento da comunidade, visando à sua permanência no campo e maior autonomia.

“Uma das coisas mais importantes que estamos fazendo é montar um modelo financeiro para sustentar essas escolas, que têm uma forte dependência do governo”, diz Tadeu.

O Future, criado com aporte inicial do Fundo JBS pela Amazônia, pretende ao longo de 5 anos captar recursos de empresas e organizações que tenham como missão melhorar a educação no campo no Brasil.  O modelo proverá mais estabilidade e segurança para os profissionais e alunos dessas escolas, à medida que disponibiliza um fluxo constante de capital. De acordo com Castro, “esse é um projeto muito importante para o desenvolvimento socioeconômico do território amazônico e tem um grande potencial para os próximos anos”. O fundo será lançado no primeiro semestre de 2023.

O consultor Eduardo Nicácio endossa a importância da educação: “Em 2022, a educação acabou se tornando uma parte importante da identidade do Instituto Interelos”. Para ele, a promoção dos direitos humanos, de forma geral, tem sido fundamental para o desenvolvimento das comunidades e, por isso mesmo, um dos eixos centrais na atuação do instituto.

Pautando debates e discutindo sustentabilidade

Nicácio afirma também que a comunicação do Instituto Interelos cresceu bastante em 2022. “Estamos divulgando melhor o que estamos fazendo e construindo debates importantes para o futuro, como temos feito com o Eloquente, o podcast da socioeconomia”, aponta.Após uma primeira temporada dedicada a destrinchar o que está por trás do nosso consumo, o podcast estreou uma segunda temporada com episódios que lançam foco no papel das empresas e da tecnologia para a construção de um futuro circular. Para Tadeu, “o lançamento do Eloquente foi importante como forma de nos comunicarmos melhor com as pessoas, para que elas entendam mais a fundo o que é socioeconomia e como esse conceito pode ser aplicado em casos reais”.

O podcast Eloquente foi importante para que as pessoas pudessem compreender mais a fundo os conceitos de ESG e socioeconomia e ver exemplos de como eles podem ser aplicados.

Assim como Nicácio, Tadeu chama atenção para a maior presença do Interelos nas redes sociais e na mídia. Esse é um passo importante para dialogar de uma forma mais aberta e transparente com o público e, claro, encontrar novas parcerias.

Pensando no futuro​​​​​​​

Nicácio diz que o instituto termina o ano mais forte e estruturado como organização. De acordo com ele, “essa construção de uma identidade, de um projeto próprio, foi fundamental”.

Para Tadeu, a chegada de mais pessoas qualificadas na equipe também foi uma das principais conquistas de 2022. “Estamos nos consolidando e inovando sempre para conseguir melhorar e realizar mais e melhor em termos sociais e ambientais”, reflete. Que venha 2023!

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