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Projeto de nova fábrica de açaí no Amapá amplia oportunidades de investimentos na Amazônia

Instituto Interelos conclui entrega do projeto de agroindústria sustentável para cooperativa Amazonbai

O Instituto Interelos deu um passo significativo ao entregar o projeto final da nova fábrica de processamento de açaí no Estado do Amapá, uma iniciativa que visa expandir a capacidade de processamento da cooperativa Amazonbai.

A necessidade de uma nova fábrica surgiu da crescente demanda dos produtores ribeirinhos dos territórios do Bailique e Beira Amazonas. Apesar de já possuírem uma agroindústria, sua capacidade de produção atual, limitada a 300 latas/dia, não é suficiente para atender à oferta da fruta. Por isso a necessidade de expansão para uma nova fábrica com maior capacidade. Surpreendentemente, mesmo com essas adversidades, a agroindústria foi capaz de estabelecer um recorde de processamento nesse último ano. 

Graças ao Programa de Economias Comunitárias Inclusivas, financiado pelo Fundo JBS pela Amazônia, foi possível estruturar este projeto, com o objetivo de ampliar o beneficiamento do açaí, os especialistas do Instituto Interelos realizaram extensos testes e análises de modelagens de processamento para concluir que a área existente é limitada e que novas instalações seriam necessárias para compatibilizar com a produção de campo dos territórios. Através da Agência Amapá, que fomenta o desenvolvimento econômico do estado, foi cedido um terreno para a construção da nova fábrica no distrito industrial no município de Santana às margens da AP 440, próximo ao Rio Matapi e à capital Macapá.

O empreendimento agora está em fase de regularização e captação de recursos, com uma estimativa para implantação em aproximadamente um ano. Espera-se que, com a nova fábrica, seja possível processar até 28 toneladas de frutos de açaí diariamente, atendendo à crescente demanda e impulsionando ainda mais a economia local.

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Muito mais que uma fábrica

A nova fábrica será equipada com tecnologia de última geração, no padrão de grandes líderes do mercado nesse segmento, visando à produção de polpa de açaí, sorbet e açaí liofilizado (em pó). A cooperativa Amazonbai, conhecida por seu manejo sustentável do açaí orgânico, está empenhada em garantir que seus produtores se beneficiem do projeto. Renata Barros, consultora do Interelos e engenheira agrícola e ambiental, compartilhou suas perspectivas sobre o impacto da fábrica: 

“Estamos trabalhando para que os cooperados compreendam totalmente o projeto, desde a escolha dos equipamentos até como funciona a relação com os fornecedores. Queremos que eles assumam 100% da operação. Esse é o nosso propósito.”

Renata Barros

Uma das características mais impressionantes do projeto é que a fábrica estará ao lado do futuro Centro Tecnológico para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a indústria do açaí, como café de açaí e painel compensado a partir do resíduo dos caroços, dando uma utilização sustentável para esses recursos, antes descartados. Além disso, a ideia é que o caroço também seja utilizado na caldeira da fábrica para produzir calor para o pasteurizador e também para o processo de liofilização.

A introdução do primeiro equipamento de liofilização em escala industrial do Amapá é uma grande inovação que permitirá a produção de açaí em pó durante todo o ano. Fazendo com que a cooperativa consiga mais competitividade no mercado: 

“Esperamos que a fábrica eleve a qualidade do produto, facilitando seu envio e alcançando outros mercados.”

Renata Barros

O Instituto Interelos vem sendo um parceiro fundamental para a Amazonbai, principalmente ao ajudá-la a enxergar os  novos mercados e na busca pelas melhores tecnologias de produção. O trabalho conjunto tem sido crucial para a implantação e funcionamento da agroindústria, proporcionando mais oportunidades de crescimento e desenvolvimento para a região.

Ezequiel Barbosa, cooperado da Amazonbai e supervisor da nova fábrica, ressalta a importância do apoio para o crescimento contínuo da cooperativa: 

“O Interelos vem nos ajudando a acessar o aporte financeiro, facilitar a nossa conexão com os parceiros externos, e também no desenvolvimento de novas tecnologias, o que acabou sendo crucial para a agroindústria. Sem o Interelos, íamos encontrar uma dificuldade imensa, principalmente em como começar. Todo o estudo feito para começarmos a operar foi muito importante.”

“Vai chegar um momento em que o Interelos vai sair e nós vamos precisar andar com as nossas próprias pernas, então precisamos absorver o máximo que pudermos antes disso.” 

Ezequiel Barbosa
Renata Barros entrega projeto para Amiraldo Picanço, presidente da Amazonbai, e cooperados.

Um projeto de longo prazo 

Quem vê os cooperados sonhando alto não imagina o quão distante era a realidade anterior. Ezequiel, que é egresso da primeira turma do curso técnico da Escola Família do Bailique, nos conta que as dificuldades eram muitas:

“É difícil morar no interior e não ter oportunidade, a única oportunidade que temos são nas áreas de educação e saúde. Quando a cooperativa surgiu, muitos jovens nem acreditavam que seria possível proporcionar outras oportunidades de emprego. Quando eles viram os primeiros alunos conquistando emprego, ficaram otimistas com a possibilidade de trabalhar em outra área e assim ganhar um bom dinheiro, poder crescer, se desenvolver financeiramente e profissionalmente em áreas que eles já trabalham diariamente. Porque todo jovem do Amapá sabe colher açaí e ter uma área que você possa trabalhar com aquilo que você mais ama não tem preço, eles estão só esperando uma oportunidade.”

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Desde 2015, a Escola Família do Bailique já formou três turmas, e a tendência é que esses graduados encontrem um lugar na cooperativa. Com a expectativa de crescimento da Amazonbai, a expansão das vendas para mercados internacionais e o aumento na produção, uma série de novas oportunidades se descortina. A possibilidade de estabelecer filiais da fábrica em diversas localidades, bem como de diversificar produtos, cria uma demanda crescente por mão de obra. Isso não se limita apenas ao manejo de açaí, mas também abrange funções administrativas, de marketing e comunicação. A esperança e o entusiasmo são palpáveis, e refletem o desejo de muitos moradores locais: 

“Nossos pais estão lá na natureza e querem que os filhos deles fiquem por perto e consigam um emprego no campo também, isso não tem preço. A gente sonha bem alto e esperamos que esse sonho seja realizado.”

Ezequiel Barbosa

O impacto desse investimento é amplo e vai além de ganhos financeiros, se traduz em desenvolvimento e educação para territórios muito distantes dos centros urbanos. A investida não é apenas um marco importante para o estado do Amapá, mas um significativo avanço para o Brasil e para o mundo.

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