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Comunidades na Resex Verde Para Sempre concluem Protocolo do Açaí

A etapa é um marco importante  para o desenvolvimento da cadeia produtiva de açaí na região

Desde 2004, a Reserva Extrativista Verde Para Sempre, localizada às margens do Rio Xingu, no Pará, tem sido um lugar protegido, criado para preservar os estilos de vida e cultura das comunidades tradicionais. No entanto, os desafios ambientais e econômicos sempre estiveram presentes. Apesar da grande riqueza em recursos naturais, a região ainda enfrenta o desafio de falta de estruturas totalmente organizadas que possam otimizar seu aproveitamento. Nesse contexto, abre-se uma oportunidade para impulsionar o seu desenvolvimento sustentável.

Em crescente demanda global, o açaí é um dos principais produtos que movimentam a economia amazônica. A cadeia na região da Reserva Extrativista, no entanto, ainda não existe de maneira estruturada e a demanda local precisa ser suprida por açaí proveniente de municípios como Gurupá e Breves. Por isso, representantes de algumas comunidades, incluindo São Raimundo do Batata, Irapi, São Francisco, Santa Clara, Atepó, Samaúma e Cuieira, se uniram ao CDS e Interelos rumo à criação de uma cadeia extrativista de açaí.

Construindo consensos

Em continuidade ao Programa Interelos de Socioeconomia na Resex Verde Para Sempre, nossos especialistas iniciaram, em 2023, uma série de oficinas dedicadas à discussão sobre o desenvolvimento da cadeia do açaí. O ponto de partida foi o PNDC, o Protocolo de Negócios e Desenvolvimento Comunitário, ferramenta crucial para estabelecer consensos e acordos que vão definir as bases para a estruturação da cadeia produtiva, ao abordar as necessidades das comunidades e as orientações voltadas ao mercado. 

A consultora do Interelos, Mariana Chaubet, gestora ambiental com vasta experiência na articulação de protocolos comunitários, comentou sobre a ferramenta usada no território: 

“Em nossa metodologia, iniciamos o diálogo a partir do indivíduo, explorando como ele se reconhece no território.”

Mariana Chaubet

“Em seguida, procuramos construir a história de sua comunidade, compreendendo como seus indivíduos se organizam e tomam decisões, identificando lideranças e marcos históricos. Esse processo visa solidificar o sentimento de pertencimento dos indivíduos das seis comunidades que estão construindo um caminho conjunto. E os próximos passo partem para os acordos e modelagem da cadeia a partir dessa perspectiva dos produtores.”

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Oficinas culminam nos acordos para a cadeia do açaí  

O ciclo de oficinas proposto no PNDC serviu de engrenagem para o progresso dos debates:

A primeira oficina tratou da apresentação do projeto como um todo e todas as etapas para implementação da cadeia, trazendo , dados, informações de mercado, com objetivo de obter o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) dos produtores das comunidades envolvidas.

A segunda oficina focou na Cartografia socioambiental e Identidade do Território, coletando dados socioeconômicos para a construção de uma linha de base para  monitoramento.

Já a terceira oficina tratou das Etapas da Cadeia e Políticas Públicas, discutindo o manejo sustentável, o acesso a políticas públicas, com validação dos dados coletados e discussão de acordos para implementação da cadeia produtiva.

Por fim, na quarta oficina foi definida a proposta de criação de uma cooperativa de produtores de açaí, trazendo aos produtores as principais diferenças entre associação, cooperativa e empresa privada, além de constituir e definir as responsabilidades do comitê gestor e modelagem da cadeia para a comercialização do açaí.

Exemplo e Experiência

A expertise de Chaubet na articulação da cadeia produtiva do açaí revelou-se fundamental para orientar e estimular pontos importantes para a tomada de decisões por parte dos produtores.

“Há mais de 10 anos que trabalho com açaí. Quando iniciei os protocolos comunitários no Bailique, os comunitários não tinham definido qual seria a cadeia produtiva. Por isso, debatemos muito e o açaí foi definido por eles como prioritário. Nesse protocolo, o açaí já foi discutido previamente e pudemos  aprimorar a discussão do modelo de negócio, tendo a Amazonbai como  referência, isso ajudou 100% porque eles conseguem se enxergar nessa trajetória da cooperativa.”


FOTO: DEYVISON CRUZ

Muito além de representar meros exercícios teóricos, as oficinas moldaram ações práticas, fortalecendo a união e o consenso das seis comunidades envolvidas em torno da criação de uma cooperativa que as represente. 

Afinal, o que todos almejam na Reserva Extrativista Verde Para Sempre é um horizonte econômico sustentável resultante de engajamento e colaboração. O encerramento dessa etapa, ao final de 2023, representa o fim de um ciclo, mas também o início promissor de uma nova fase de desenvolvimento dentro da reserva. A expectativa para 2024 é a chegada de um período de intenso trabalho dedicado à implementação efetiva da cadeia de açaí. 

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