Primeira temporada do “Eloquente” estreia dia 27 de abril nos principais tocadores
Quem não sente os impactos da desigualdade social e das mudanças climáticas, ou está desatento ou vive em outro planeta. Neste em que vivemos, há um alto preço a pagar para a regeneração do meio ambiente e a construção de uma economia mais justa. Quanto custa, afinal, um planeta melhor e quem está disposto a pagar por este custo? Essa é a pergunta que conduz a primeira temporada do “Eloquente”, podcast novíssimo que abordará temas sensíveis da socioeconomia, convidando quem entende do assunto para conversas francas sobre consumo consciente e novas formas de lidar com problemas bem conhecidos.
Em seis episódios, os ouvintes serão levados a refletir sobre seus hábitos de consumo e os impactos que eles causam, tanto no planeta como na população, a exemplo das mudanças climáticas e da desigualdade social. O objetivo da primeira temporada é compreender os elos ocultos entre consumidores, produtos e serviços. Os temas dos episódios vão explorar o que está por trás de cada compra, provocando os consumidores a repensarem suas responsabilidades, ao adquirem um novo produto. Além disso, cada episódio vai procurar compreender, também, quais os caminhos para uma economia mais justa, chamando a atenção para o fato de que consumir é, acima de tudo, um ato político.
Com apresentação de Aerton Paiva, fundador do Instituto Interelos, que trabalha há mais de 20 anos em projetos de socioeconomia, o episódio inaugural do “Eloquente” debate sobre a responsabilidade dos consumidores em relação à precarização do trabalho autônomo, tratando, especificamente, da crise dos motoristas de aplicativos. Com o título “Aceita água, balinha e a suspensão dos meus direitos trabalhistas?”, a conversa gira em torno de uma questão chave: será que o consumidor sabe, de fato, o que está consumindo? Para ajudar a responder, o programa ouviu Diego Veiga, cientista social e pesquisador integrante do Núcleo de Economia Solidária da USP, Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp, e Denivaldo da Silva, motorista da Uber há mais de seis anos e ativista dos direitos trabalhistas dos motoristas.
O uso dos aplicativos de mobilidade urbana se popularizou muito nos últimos anos, sobretudo pela sua praticidade e baixo custo. Os consumidores rapidamente se acostumaram a chamar um carro pelo celular e utilizar o serviço de transporte, sem ao menos se darem conta de que esse ato, aparentemente simples, oculta algo fundamental: a supressão dos direitos trabalhistas dos motoristas. A partir daí, o podcast discute o quanto a conveniência de alguns produtos e serviços da nossa economia pode ocultar uma série de relações de trabalho que nem sempre são positivas, e questiona o que pode ser feito para transformar, de vez, esse cenário.
“O mundo vive uma crise estrutural muito profunda e as corporações sabem que tem uma massa imensa de trabalhadores e trabalhadoras, das mais distintas profissões, desesperados por trabalho. Era preciso criar uma alquimia social e chamar de ‘empreendedor’ um trabalhador assalariado, ou uma trabalhadora assalariada, porque, fazendo assim, eles ficam fora da legislação social protetora do trabalho,” alerta o professor Ricardo Antunes.
Além dos especialistas convidados, o “Eloquente” traz, a cada episódio, exemplos concretos de propostas inovadoras que estão transformando o mercado, como o I-Mobile, plataforma de carros por aplicativo, criada em Sergipe, pelos próprios motoristas, que repartem os lucros de forma mais justa, e o Lady Driver, primeiro aplicativo de transporte no Brasil, exclusivo para mulheres.
“Em tempos de tão pouco diálogo e tantos meios para se comunicar, o Eloquente nasce com a proposta de apoiar o encontro de soluções para a inclusão socioeconômica no Brasil”, aponta Aerton Paiva. O podcast “Eloquente” é produzido pelo Estúdio Guarda-Chuva e contará, também, com a apresentação de Sandro Marques, Mariana Chaubet e Eduardo Nicácio. A estreia está marcada para o dia 27 de abril, trazendo um episódio novo a cada quarta-feira.
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